Mudança


  Walnize Carvalho

 Na manhã  de sábado o dia mesmo de sol  e frio dá sinais de que continua em   cartaz é o inverno.
 Chego ao portão de casa.
 Na rua deserta enxergo ao longe o solitário ipê e exclamo: - Nossa, o “ipê”  floriu de novo! Este ano já é a terceira vez...Mas, desta vez estando batendo à porta a primavera...
 Apesar  da temperatura fico ali por alguns minutos a observar o esplendor do pé florido que reina absoluto.
 A copa da árvore de douradas flores ilumina a manhã.
 Mesmo tendo o seu lenho bem resistente, o ipê se vê acariciado pelo sopro do vento e se deixa desnudar cobrindo toda a calçada com um belo tapete amarelo.
 O espetáculo natural se encerra sem platéia até a próxima florada dando provas de que a primavera também fez o seu registro antecipado. 
 Corro os olhos. Avisto o sol por entre as folhagens da palmeira que adorna a calçada de outro vizinho. Apesar de sua timidez o astro rei também quer entrar em cena. 
 Entro em casa cantarolando os versos de Renato Russo: ”Mudaram-se as estações/ mas nada mudou...”

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Alzira Vargas: O parque do abandono

Carta de despedida de Leila Lopes