Crônica de sábado


Posso ajudar?


Walnize Carvalho

Neste prazeroso ofício da escrita,(jornal e blog) não são raras as vezes, em que pessoas  me abordam tecendo comentários das minhas crônicas e sugestões de “pauta” para as que estão por ser escritas.

Sutilmente tento argumentar que sou tão somente cronista (não exerço a profissão admirável de jornalista) e como tal baseio-me em acontecimentos diários em que eu esteja presente, vivenciando cada fato, sorvendo situações cotidianas. Daí, tento elaborar o texto, pautado - em sua maioria - de doses de lirismo, humor, irreverência, elementos que a escrita essencialmente informativa não contém. Há quem diga (com base nisso) “que a crônica situa-se entre o Jornalismo e a Literatura, e o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia. A crônica, na maioria dos casos, é um texto curto e narrado em primeira pessoa, ou seja, o próprio escritor está "dialogando" com o leitor” ...

Mas, desta vez, me vi tentada a narrar um fato que me foi contado.

Sendo assim...

Na manhã da última segunda, seguia pela rua rumo ao centro da cidade.

A pressa era tanta, que quase me atrapalhava com meus próprios passos. Enfrentaria filas de bancos, de supermercado, de farmácia... Coisas corriqueiras de qualquer ser mortal a cada início de semana.

Foi quando percebi que alguém chamava pelo meu nome de forma insistente. Parei. Olhei para trás e deparei com uma velha conhecida, que foi logo falando: - Gostaria que você escrevesse sobre o que aconteceu comigo! Sugiro até o título: “O conto do - Posso ajudar?” Não me deu oportunidade de informar que escrevo crônica, não conto... pois, ela - a um só fôlego - relatou sua desventura: - Sabe, amiga! Estava em um caixa eletrônico de uma agência bancária, tentando depositar uma quantia em dinheiro para um parente. Como me encontrava atarantada, sem conseguir efetuar a operação, fui abordada por um rapaz que “gentilmente” aproximou-se de mim e lançou a pergunta: “- Posso ajudar?”. Não só permiti, como agradeci rogando aos céus “tudo de bom em sua vida”...

Parou a narrativa e enxugando a lágrima concluiu: - Dias depois, fui informada pelo Banco, que o envelope depositado estava lacrado... e vazio! O que foi - infelizmente - confirmado com minha presença à agência à convite da gerência!

Sem palavras (como questionar sua ingenuidade em receber ajuda de estranhos?) despedi-me dela.

Na tentativa de que meu texto possa ajudar a uma reflexão é que traduzo em palavras escritas a assertiva de que - apesar de todas as mazelas que acontecem cotidianamente - o Homem acredita no homem e segue em frente reinventando a Vida...





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